quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Plantão pós Natal e as viagens excessivas

Os plantões possuem a característica de serem "cíclicos". Se no plantão de Natal eu fui contemplado com quatro locais, com viagens, e ultrapassando o horário do plantão (só cheguei em casa à uma hora da tarde), neste plantão seguinte foi a vez do nosso colega Fernando atender cinco locais em dois plantões contíguos (ele substituiu o Cavalcante na equipe "A").

Vejam os trajetos seguidos pelo Fernando no dia 30:

Maceió - Tanque d'Arca (primeiro local) = 105 km
Tanque d'Arca - Feira Grande (segundo local) = 58,6 km
Feira Grande - Craíbas (terceiro local) = 45 km
Craíbas - Maceió (retorno) = 145 km

Viagens na madrugada do dia 30, total de 353,6 km.
Foram 353,6 km rodados durante a noite e madrugada.

Na manhã seguinte, dia 31, o mesmo perito dobrou o plantão e ainda pegou mais duas viagens:

Maceió - Lagoa da Canoa (primeiro local do dia 31) = 141 km
Lagoa da Canoa - Igaci (segundo local) = 46,7 km
Igaci - Maceió (retorno) = 146 km

Viagens na manhã do plantão seguinte, dia 31. Total de 333,7 km.

Somam-se mais 333,7 km rodados durante a manhã do dia seguinte.

Se tivéssemos uma base na cidade de Arapiraca os percursos seriam obviamente menores:

Percursos no primeiro dia se houvesse uma base no interior.

Percursos no segundo dia se houvesse uma base no interior.
Com uma base no interior, os percursos no primeiro e segundo plantão seriam respectivamente: 168,5 km e 88,2 km.

Primeiro plantão:

Arapiraca - Tanque d'Arca = 42,6 km
Tanque d'Arca - Feira Grande = 58,6 km
Feira Grande - Craíbas = 45 km
Craíbas - Arapiraca = 22,3 km

Segundo plantão:

Arapiraca - Lagoa da Canoa = 15,7 km
Lagoa da Canoa - Igaci = 46,7 km
Igaci - Arapiraca = 25,8 km

Portanto, para este caso esporádico, o atendimento de cinco locais a partir de Maceió tomou 687,3 km. No entanto, se o Instituto de Criminalística tivesse uma base no interior, especialmente no município de Arapiraca (segunda maior cidade do interior de Alagoas), seriam percorridos 256,7 km, ou seja, haveria uma economia de mais de 60% de trajeto.

Levando em consideração que pode haver uma demanda reprimida pelos delegados do interior que sabem da demora que é atingir o sertão alagoano a partir da capital que está no litoral, talvez estejamos não apenas gastando mais da metade do combustível que nos é destinado, mas também inibindo exames periciais.

A obrigação das pulseiras de identificação de cadáveres impõe que os delegados acionem a perícia em casos de morte violenta, mas não necessariamente para os casos de constatações e de danos. Por isso talvez sejam estes os casos menos atendidos.

Também se percebeu que quando uma equipe segue para o interior, dependendo das ocorrências, esta mesma equipe fica vagando pelo interior atendendo aos vários locais adjacentes. Seguimos a regra de que quando há um local próximo do outro, uma mesma equipe atende aos dois. Infelizmente isso tem se tornado rotina.

Por último, a análise supra foi baseada nas informações fornecidas pelo Sisgou (Sistema de Gestão Operacional Unificado) utilizado pela Secretaria de Defesa Social para atender as ocorrências de suas atribuições e por consultas no site do Google Maps quanto às distâncias entre os municípios. Ressalte-se ainda que o local de Craíbas não ficou registrado no Sisgou, mas como eu estava de plantão posso asseverar a respeito da viagem do colega Fernando.

Esperamos que estas observações respaldem futuras decisões que aumentem a eficiência do nosso trabalho.

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